MUSEU DA MINA DE ALGARES
» Central de Compressores e percurso mineiro
A Central de Compressores da Mina de Algares situa-se num dos acessos ao Bairro de Val d'Oca (Aljustrel) e está disponível para visitas ao público.
A recuperação e musealização desta Central foi realizada pela Câmara Municipal de Aljustrel, com recursos a fundos europeus do programa Interreg e através de um protocolo de colaboração com a empresa Pirites Alentejanas, SA que cedeu as instalações e as máquinas, com vista à valorização do património histórico e cultural e ao desenvolvimento turístico.
Neste edifício construído nos anos 50, foram instalados três grupos de compressores provenientes da Central Eléctrica, tendo esta central de ar comprimido entrado em funcionamento em 1952. No início da década de 90, esta foi desactivada, ficando apenas em serviço a Central de Compressores do edifício da Mina do Moinho.
Transformada em núcleo museológico, a Central de Compressores serve agora de testemunho de um tipo de actividade em que eram utilizados equipamentos accionados a ar comprimido, hoje substituídos por equipamentos electro-hidraúlicos, daí o importante valor de memória patrimonial que encerram.
Conjuntamente ao processo de musealização foram efectuadas algumas beneficiações no Malacate do Poço Viana, que será um dos locais a descobrir ao longo do percurso mineiro também criado, sinalizado com painéis informativos colocados também no Poço Vipasca, no Moinho Triturador, na Corta de S. João e na Ermida de Nossa Senhora do Castelo. Cada um deles contém fotografias e textos com explicações histórica, geológica e ambiental.
Quem estiver interessado em conhecer a Central de Compressores, poderá solicitar uma visita ao Museu Municipal de Aljustrel (Tel: 284600170) ou ao Posto de Turismo (Tel: 284601010).
Os painéis do percurso mineiro estão disponíveis nesta página onde podem também ser consultados.
Moinhos Britadores de Feitais Barragem da Água Forte |
Cerro de Nossa Senhora do Castelo |
Área Industrial de Algares |
Malacate Vipasca |
Corta de São João do Deserto |
» AS MINAS DE ALJUSTREL
As minas de Aljustrel situam-se na denominada Faixa Piritosa Ibérica, uma das maiores concentrações mundiais de jazigos de sulfuretos maciços, que se localiza entre Grândola (Portugal) e Sevilha (Espanha). Em Aljustrel encontram-se diversos filões sendo os mais antigos os de S. João do Deserto e de Algares e os mais recentes os do Moinho e de Feitais.
Os filões de S. João e de Algares foram reconhecidamente explorados desde a antiguidade, como se comprova pelos inúmeros poços e galerias ainda existentes e resultantes da exploração durante o período de ocupação romana, embora os achados arqueológicos recolhidos na área de Aljustrel possam apontar para uma exploração pré-histórica dos potentes chapéus de ferro daqueles filões, que continham altos teores de cobre e prata e algum ouro.
Os depósitos de escórias do período romano foram calculadas em cerca de 450.000 toneladas.
A exploração moderna da mina inicia-se em meados do séc. XIX, sendo a primeira concessão da mina de S. João atribuída a Sebastião de Gargamala em 1845, tendo sido então aberto o primeiro poço de extracção e estabelecido o primeiro bairro mineiro.
A concessão passou posteriormente, e por breve período, para a Lusitanian Mining Company que praticamente não efectuou trabalhos. A concessão é então atribuída à Companhia de Mineração Transtagana que inicia então a produção em larga escala, construindo um estabelecimento metalúrgico na Herdade das Pedras Brancas, nos arredores de Aljustrel, com campos de ustulação e cementação da pirite e com ligação ferroviária à estação da Figueirinha de onde o minério era conduzido para os portos de embarque.
A baixa dos preços do minério nos mercados internacionais e o elevado custo do transporte do minério levou à falência desta empresa.
Nas Pedras Brancas situam-se as escombreiras de escórias modernas, os campos de cementação, onde através de processos de lixiviação com águas ácidas se obtinha cemento de cobre, e ainda as bases das teleiras de ustulação do minério, uma vasta área abandonada em 1875 e na qual, ainda hoje, não cresce vegetação devido à drenagem ácida do minério.
A concessão mineira foi então adquirida em 1898, por um consórcio de capitais belgas que formou a Sociétè Anonyme Belge des Mines d'Aljustrel, tendo mantido a concessão até 1973, posteriormente nacionalizada em 1975.
Durante este período foram intensivamente explorados os filões de S. João e Algares e descobertos e explorados novos filões como os do Moinho, Feitais e Gavião.
O potente chapéu de ferro de S. João permitiu que a sua exploração pudesse ser feita em corta a céu aberto. Contudo, nesta e nas outras minas a técnica mais utilizada foi por poços e galerias, tendo-se atingido a profundidade de 425 metros.
As minas chegaram a empregar dois mil operários levando ao crescimento de uma pequena vila rural como Ajustrel, tendo sido criados diversos bairros por iniciativa da empresa mineira, como S.João, Valdoca, Algares, Sta. Bárbara, Plano, no sentido de albergar os operários e familiares. A arquitectura destes bairros obedecia a um esquema tradicional já implantado em outras minas da região, com bandas contínuas paralelas entre si. As casas seguiam um esquema hierárquico, tendo as habitações da ponta das bandas uma área superior às restantes, pelo que eram atribuídas aos capatazes, para cada unidade era permitido o usufruto de um pequeno quintal nas traseiras. Os engenheiros e quadros superiores possuíam vivendas na rua que ligava a vila à área administrativa da mina e os directores possuíam mansões junto à vila, rodeadas de muros e jardins que resguardavam a sua privacidade e lhes permitia viver completamente independentes da comunidade.
Ao longo dos tempos a empresa mineira apoiou algumas actividades sociais como, a criação de cooperativas de consumo, de uma banda filarmónica, de um campo de futebol, um hospital, tendo ainda apoiado a construção de escolas.
A Associação de Classe dos Operários das Minas de Aljustrel foi um dos primeiros sindicatos criados em Portugal, tendo a sua origem em 1898. Integrado nos movimentos anarco-sindicalistas, esta associação de classe realizou diversas acções no sentido da promoção dos seus associados. Foi ainda no seio do operariado mineiro que apareceu o Monte-Pio Aljustrelense, instituição que auxiliava os operários em caso de doença.
» Artesanato Mineiro
No âmbito das prioridades da Junta para este mandato, existe também uma aposta na promoção e divulgação daquele que é um dos maiores e mais importantes aspectos da vida social e profissional dos munícipes. Assim, pretende-se dar uma maior visibilidade a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, com os mais variados materiais, põem em prática todo o seu saber e conhecimento elaborando diversos artigos de artesanato, tendo como base o nosso riquíssimo património, contribuindo assim para que o nome e a história de Aljustrel chegue cada vez mais longe, a um maior número de pessoas e perpetue através dos tempos.